Uma cidade nova, uma casa nova e uma tentativa de falar disso

Desde que cheguei fui tomado por uma certa necessidade de silêncio para assentar todas às novidades apresentadas no dia a dia. Porém, os dias foram passando e o silêncio se transformou em um certo incomodo pela ineficácia de se estipular palavras para descrever tudo que vinha ocorrendo, pensei por alguns instantes, em diversos momentos, que a fala poderia ser a solução, mas ligar um gravador sem um direcional não me aparentou ser um bom começo para sintetizar o que eu poderia querer falar.

Recebi um alerta do meu terapeuta diante da minha inabilidade tão anormal de descrever o processo que tenho vivido nos últimos dias, o chamado se fez para minha rotina acelerada, um cansaço mental já visto por ele em outros momentos me acompanhando. Tomei um ligeiro susto com as palavras e com o alerta emitido. Minha amiga completou me lembrando que agora sou um dono de casa com responsabilidades muito reais.

E talvez esse seja o ponto de partida para esse discorrer que tento fazer aqui nesse sábado a noite: eu tenho uma casa. Antes de chegar a esse momento de abrir o computador e começar a escrever as palavras que surgem a minha frente, eu estava arrumando o quarto que ficou faltado, pois dormir a tarde enquanto meu namorado dava conta de outras coisas. Ao colocar a roupa de cama nova me lembrei que esse apartamento foi escolhido com minha ajuda e de certa maneira para me receber. Naquela época, achava muito engraçado a preocupação dele em ter um espaço para me receber.

Em sua mudança, por problemas maiores, ele não teve tempo para organizar o apartamento, mas diante de um combinado, eu estava na cidade para auxiliá-lo nesse processo e eu, sim, fiz toda organização primaria de um apartamento virado ao averso. A primeira troca de roupa de cama, a primeira organizada na cozinha, a primeira limpeza da geladeira, dos armários, mesmo que a contragosto dele que queria que eu fosse curtir a cidade e não ficasse na função faxina.

Janeiro de 2024


Hoje estávamos os dois na missão casa limpa após a meia semana de trabalho, na missão fazer feira, checar se tem o necessário para semana. Essa nova função exercida agora em paridade com ele cansa! Cansa mesmo! Algo não tão surpreendente, mas que no fim do dia surpreendeu. 

Essa nova rotina de dono de casa se alinha com a distância aplicada de forma definitiva para minha vida construída nos últimos anos entre o sertão e o mar. Minha despedida foi chorosa ao lado das minhas amigas, depois de despedidas não tão chorosas programadas com outras peças fundamentais para quem eu sou hoje.

Com Raquel e Vitoria foram algumas despedidas desde dezembro quando contei que estaria me mudando, muitas foram às garrafas de vinhos e idas ao mar para disfarçar as lagrimas que surgiam ao rosto quando começávamos a planejar o amanhã que agora não estava a algumas centenas de km's e sim a certos milhares.

Para esse momento final de despedida, decidimos embarcar para um destino novo para às 3, uma viagem em amigas, com nosso agregado preferido para o Rio alguns dias depois da minha chegada a São Paulo. A viagem foi toda a distração necessária para aquele momento de partida e num fraqueja dessa vez, preferir não me despedir. Ao viver a ponte área que tanto sonhei em ter como rotina, desabei, chorei copiosamente ao perceber que um novo começo se aproximava de forma definitiva. 

No bloco de notas encontrei um texto feito meses atrás, no meu aniversário, em referência a minha avó materna e fiquei um pouco incrédulo com as palavras que quando escrevi não previa às mudanças que estou vivendo. Ao olhar para o lado, ele dormia no meu ombro como se de alguma maneira eu fosse o lugar mais seguro para aquele rápido cochilo. A chegada em São Paulo deixou clara a nova viagem que estávamos embarcando.

Novos desafios foram colocados nesses dias, desde ajustamos nossas rotinas a dinâmica de cuidado da casa aos novos amigos que preciso construir nessa selva de pedra. E garanto com convicção que o segundo ponto tem sido motivo de muita conversa e terapia. Desconheço o motivo real de ser uma pessoa tão travada para iniciar novas relações, na verdade, entendo todos esses motivos e as dificuldades reais de acessar novos espaços para somente assim iniciar novos contatos.

Com isso, Mylenna (uma ex colega de trabalho) e Léo (amigo do meu namorado) ganham minha atenção na confusão das nossas agendas para fugas gastronômicas pela cidade. Nos outros momentos? Tentamos conhecer tudo de novo que conseguimos pela cidade, na maior parte significa novos lugares para comer, mas para surpresa de todos e inclusive a minha: eu vivi pela primeira vez na minha vida um carnaval. Foi em SP? Foi! 

Tenho certeza que não consegui nem de forma mínima abarcar os principais pontos desse novo começo da minha vida, mas fico feliz que nesse exato tenha conseguido sentar diante dessa página que começou exatamente com o intuito de contar meu novo começo em Salvador 5 anos atrás e fechar um texto sem deixar para o amanhã, como feito em outros momentos nesses últimos meses.
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Momento recomendação desse texto vai ocorrer de forma reduzida, por motivos de estou caótico demais nos últimos tempos:

1. Letrux Em Noite de Climão AO VIVO

Essa semana alguma querida viralizou com um tweet do show da Letrux encerrando o Noite de Climão, o que me jogou de volta à 2019 e aos momentos vividos ao som dessa mulher. Resultado? Hoje tive que ouvir esse especial e no fim quase que boa parte da discografia de Letícia.



2. FENÔMENO DOECHII


Essa altura do campeonato espero que Doechii já faça parte da sua biblioteca música e se não faz vá escutar. Dominando meus ouvidos desde o começo do ano a rapper vem sendo inspiração em tudo que se propõem fazer e ela essa semana na Paris Fashion Week de Chloé foi o ponto alto da semana.


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