Look bonito, cabelo lavado, computador na sala e a ilusão de estar indo para frente

Quase que de forma ritualística toda vez que preciso focar em algo, ou colocar em prática alguma ação entro debaixo do chuveiro, tomo um banho, lavo o cabelo, escolho um look que dê a impressão que estou saindo para uma reunião de trabalho em algum edifício chique no centro de São Paulo, mas na verdade só vou sentar em algum canto da casa.

Hoje não é tão diferente das outras vezes!

Acordei hoje após 5 dias de atestado por uma conjuntivite me arrumei, coloquei todo um look para a médica me presentear com mais 4 dias de atestado, e consequentemente mais dias trancafiado dentro de casa com minhas apostilas, livros e obrigações há eras postergadas com a desculpa do trabalho de 8h que vem consumido meu tempo e meu juízo. 

Já são 4 meses desde que deixei de morar em Salvador e de lá para cá muita coisa aconteceu e muitos rascunhos foram iniciados e imediatamente apagados após segundos de reflexão que me levavam a um local de insignificância dialética! O que teria eu para falar de tão importante que não poderia ser amarrado e tragado por mim.

Portanto, fui fazendo assim até o reencontro com uma amiga que assim como eu percebeu uma necessidade de auxílio clínico diante das alterações de rotina da minha vida e da chegada dessa nova realidade a qual não sou muito fã para sermos educados. Acontece que em 4 meses após o desiludir de uma vida de sonhos e desejos, acredito que já consigo elaborar em palavras sobre algumas coisas.

No mês passado, dias antes de me formar, ouvi de uma pessoa muito importante que minha ficha não tinha caído perante o meu retorno para casa da minha mãe. Essa semana, com um mês de retorno ao processo terapêutico, ouvi que talvez eu só esteja passando pelo luto após minha saída de Salvador e de repente tudo se encaixou e fez sentido.

O luto é aquele negócio chato que está comigo há um tempão já, íntimos, amigos, inimigos, companheiros de bar e por muitas vezes o maior problema da minha vida, não foi tão assustador dessa vez. No atual momento, diante dos fatos apresentados, eu estou vivendo a aceitação de tudo não ter saído como no planejado por mim para este ano.

Não sinto culpa pelas idealizações mil que me colocavam em locais totalmente diferentes do atual, mas tenho certeza que esse sentimento só chegou agora e que nos meses anteriores, a culpa, indignação, raiva e frustração foram as guias dos meus dias tentando me encaixar na nova rotina, numa velha cidade que a muito tempo não é para mim.

Que tudo saiu do planejado, já sabemos né! Mas o que tá acontecendo?

Sem looks bonitos, somente fardas num azul que graças me realça, meu sonho CLT chegou, mas não do jeito que pedia. Os dias vêm sendo corridos, de forma que o cansaço é o que eu mais sinto junto com aquela ânsia de dias melhores e o porquê esse texto parece tão melancólico e dramático???? 

Simples! Eu estou há 5 dias trancado em casa, onde minha única companhia é meu gato que prefere minha irmã. E nesses dias, já atualizei currículos, fiz relatórios que estavam me esperando há semanas, criei finalmente o portfólio mais feio da história, desenterrei apostilas abandonadas de estudo e mesmo assim continuo na mesma semana.

Como pretexto para ocupar a mente, nesta semana peguei tudo isso que estava sendo negligenciado nos últimos meses e coloquei em lista e estou dando check e agora com mais 4 dias de atestado espero mesmo dar fim!

O dia de hoje significava receber o aval médico para poder retornar aos braços da sociedade, que ocorreria com um reencontro com queridos amigos e ex -colegas de faculdade no final de semana em Salvador. Acho que, na verdade, a grande chateação e motivação da escrita deste relato confuso sobre frustração e irritação vem do fato de não poder estar indo em Salvador tomar minha dose homeopática de esperança de mudança.

Abandonando totalmente o momento de reclamação, devo deixar claro como já falado anteriormente, que às reclamações aqui presente já estão em estado de resolução da minha parte, obviamente, todas as que me apetecem! De forma geral estou me movimentando, tirando energias e forças de saber onde, e que continuem a vir pois preciso.

Voltar a escrever dessa forma não era o planejado, mas é o que temos para hoje. Dá próxima prometo trazer alguma reflexão mais condizente com arcabolso sociocultural e que possa de algum modo contribuir para nossa evolução espiritual, mas no momento só sou uma criatura chata resmungando do sofá de casa usando uma camisa de botão num calor incompreensível, enquanto tenta esquecer que seu olho direito tá tentando se extinguir 

P.S. Como diria a brilhante Liana Padilha "minha loucura tem trilha sonora", recomendo os álbuns e músicas mais escutados da semana:








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