Até o passageiro dura, mas quanto dura o passageiro?

 Esses dias quebrei uma das 3 canetas que tenho usado na minha rotina, ela não deixou de ser usada, pois seu despedaçar não a impedi de cumprir com seu trabalho e assim continua sendo usada dia após dia para anotar meus compromissos na minha agenda. A questão nem foi a caneta se esfarelar na minha mão, mas eu percebendo que aquele objeto que dura também é passageiro.

Na verdade, meu olhar sobre essas coisas passageiras já existe há um bom tempo, talvez já tenha algum texto meu por aí falando sobre o sentimento de passagem constantemente ligado por mim ao finito. De certo modo para mim em linhas gerais tudo que é passageiro é somente finito, tem um rápido tempo de duração, uma leve brisa no rosto em um dia de calor intenso.

Porém, enquanto olhava a caneta sentando no sofá comecei a ter um olhar um pouco diferente dos fatos, a finitude não é algo de todo mal, e se quer pode ser considerado mal. Meu questionamento inicial quando anotei o tema desse texto era sobre qual a "durabilidade do passageiro?", a partir da aí passei a semana inteira buscando mapear objetos, situações e sentimentos que podem ser passageiros, porém duram.

Comecei pela caneta que deve está me acompanhando à quase um ano ou pouco mais, caneta que passou pela faculdade, TCC, projetos e mais projetos que inventei nesse último ano e lá estava ela. Sobre a caneta ainda é possível pensar que o que ela fez vai durar um bom tempo, já que os registros em papel estão acumulados em agendas e papeis guardados pelo meu quarto.

Fui lembrando também daqueles relacionamentos que são acontecimentos na nossa vida, mas eles também se findaram em algum momento, mais permanecem durando pelo que você aprende após passar por ele. E de fato essa semana tive uma lembrança de um relacionamento que passou há muito tempo, mas deixou um dos maiores ensinamentos que eu poderia receber sobre amar e ser amado, ensinamento que me trouxe ao meu atual relacionamento.


A partir disso, lembrei de coisas mais simples que são efêmeras, aquela garrafa de vinho que rende uma conversa maravilhosa com suas amigas, a garrafa? Passageira, mas às lembranças dela? Vão durar. Aquele prato do almoço de domingo que fez sua mãe enviar fotos para todos na sua agenda? Passageiro, inclusive os pratos já estão lavados! Já a sensação da mãe com aquele almoço ainda vai render mais umas duas visitas na cozinha nos próximos meses para reproduzir aquela experiência.

Ontem, enquanto passageiro num ônibus, fui surpreendido por um senhor fazendo aquarela ao meu lado! No primeiro momento fiquei meio espantado pela coragem de mexer com tintas e água, vestindo uma camisa branca, em um ônibus em movimento. Logo depois já estava intrigado pelos desenhos e com uma imensa vontade de registrar aquele momento que simplesmente foi de inusitado para mágico.

Levei uns 3 desenhos para tomar coragem e atrapalhá-lo para pedir autorização para registrar aquele momento, fiz fotos, vídeos, conversamos um pouco sobre a dificuldade dele em pintar em um ônibus em movimento e sem o material que ele gostava, já que tinha o guardado na mala no bagageiro. Quando ele terminou o último desenho percebi que aquela hora acompanhando ele havia acabado, mas duraria um bom tempo a memória daquele momento.

Quando cheguei em casa cheguei a conclusão desse texto. Tudo passa né, mas podemos curtir muito que bem cada coisinha dessas coisas. Eu e minha amiga rimos muito ontem pela noite a lembrar de algumas coisas que já passamos e que com certeza já passou, mas curtimos muito cada um daqueles momentos.

Acabar vai, ou nem viu! Porém, só podemos aproveitar enquanto passa já que não sabemos até quando ele vai durar.

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Adorei o momento recomendação do último texto e pretendo repetir novamento até ter paciência:

Tulipa Ruiz já falou sobre o Efêmero e acho mais que valido! Para ela: Efêmera;

Já sobre minha viagem ontem, cai em uma música da Adriana Calcanhotto que me guiou pelo resto do dia: A Fábrica do Poema .mp3;



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